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EIXOS TEMÁTICOS

O V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DIÁLOGOS COM PAULO FREIRE de 2020 organizará as apresentações em Círculos de Cultura de acordo com os seguintes Eixos Temáticos (sete):

1. RESISTÊNCIAS E RE-EXISTÊNCIAS OPRIMIDAS: PELO DIREITO DE “SER MAIS”

Desumanização-Humanização. Culturicídios-Pedagocídios. Práticas de resistência e de re-existência: pelo direito de “ser mais”. Outras pedagogias humanas e libertadoras. Outros paradigmas: resistências por emancipação-libertação. Re-existências. Outras histórias, outras memórias. Políticas de vida: para além de nossas cicatrizes. Arqueologias e saberes dos oprimidos.

Vivemos tempos difíceis no mundo e no Brasil. As violências que nos desumanizam intensificam-se e tornam-se políticas de barbárie, de um Estado de extermínio, uma necropolítica (Mbembe, 2018). Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos – que constituem os oprimidos – reprovados na escola, são reprovados também na vida e, portanto, como os que sobram, devem ser exterminados como lixo humano. O Estado brasileiro assassina todos os dias negros, mulheres, LGBTQ+, indígenas, crianças, idosos com sua necropolítica, na qual só alguns merecem/devem/podem viver. Não basta roubar nossas humanidades, nosso “ser mais”, é preciso uma política de extermínio social, etnicorracial, de classe, da juventude. Como dialogamos com as políticas de barbárie e desumanização em nossas práticas pedagógicas? Que outros currículos tornam-se necessários? Como pensar práticas que contribuam para restaurar nossas humanizações e humanidades com os e como oprimides? Nesse sentido, é que a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire se faz tão atual, pois a necessidade de forjarmos outras pedagogias dos e com os oprimides segue sendo uma urgência de nosso tempo presente. A proposta apresentada tem como referência os trechos de Freire (1987) abaixo:

“[...] A desumanização, que não se verifica apenas nos que têm sua humanidade roubada, mas também, ainda que de forma diferente, nos que a roubam, é distorção da vocação de ser mais. É distorção possível na história, mas não vocação histórica. Na verdade, se admitíssemos que a desumanização é vocação histórica dos homens, nada mais teríamos que fazer, a não ser adotar uma atitude cínica ou de total desespero.  A luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens como pessoas, como ‘seres para si’, não teria significação. Esta somente é possível porque a desumanização, mesmo que um fato concreto na história, não é, porém, destino dado, mas resultado de uma “ordem” injusta que gera a violência dos opressores e esta, o ser menos” (FREIRE, 1987, p.30, grifos do autor).

[...]

“A nossa preocupação, neste trabalho, é apenas apresentar alguns aspectos do que nos parece constituir o que vimos chamando de pedagogia do oprimido: aquela que tem de ser forjada com ele e não para ele, enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade. Pedagogia que faça da opressão e de suas causas objeto da reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação, em que esta pedagogia se fará e refará” (FREIRE, 1987, p.32, grifos do autor).

[...]

“Educador e educandos [...], co-intencionados à realidade, se encontram numa tarefa em que ambos, são sujeitos no ato não só de desvelá-la e, assim, criticamente conhecê-la, mas também no de recriar este conhecimento” (FREIRE, 1987, p.56).

Referências

FREIRE, P. A pedagogia do oprimido. 17ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Rio de Janeiro: n-1 edições, 2018.

 

2. LEITURAS DE MUNDO – LEITURAS DA PALAVRA – DA PALAVRA AO MUNDO: PELO DIREITO DE LER, ESCREVER E DIZER A SI MESMO POR MEIO DA “PALAVRAMUNDO”

Alfabetização. Educação popular. Movimentos de fala. Escrita e criação. Literatura. Quantos movimentos existem nesse sentido, espalhados pelo Brasil afora? Quantas pessoas dedicam-se a ensinar, aprender, construir seus mundos e afetar os mundos do outro, seja pela educação formal /  não formal / informal? 

A proposta desse eixo é convidar os participantes a compartilharem suas experiências educativas emancipatórias que envolvem a leitura / escrita  - leitura / escrita que se iniciam no mundo do sujeito, visitam a palavra e retornam transformada para o mundo - muitas vezes em forma de fala / escrita, muitas vezes em modos de resistência a contextos opressores. Sejam tais experiências contadas por educandos, educadores, pesquisadores, artistas, militantes, profissionais de quaisquer áreas, enfim, pessoas que atuam no mundo e com o mundo, considera-se que sejam propostas de transformação de si mesmos, do outro, das pequenas comunidades, dos pequenos cantos do país. Transformação cada vez mais necessária no momento político no qual vivemos.

Seguem abaixo alguns trechos inspiradores do mestre Paulo Freire, em sua obra “A importância do ato de ler”:

“Por isso é que, ao chegar à escolinha particular de Eunice Vasconcelos, cujo desaparecimento recente me feriu e me doeu, e a quem presto agora uma homenagem sentia, já estava alfabetizado. Eunice continuou e aprofundou o trabalho de meus pais. Com ela, a leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais significou uma ruptura com a ‘leitura’ do mundo. Com ela, a leitura da palavra foi a leitura da ‘palavramundo’ ”. (Freire, 198, p. 11)

“Inicialmente me parece interessante reafirmar que sempre vi a alfabetização de adultos como um ato político e um ato de conhecimento, por isso mesmo, como um ato criador. Para mim seria impossível engajar-me num trabalho de memorização mecânica dos ba-be-bi-bo-bu, dos la-le-li-lo-lu. Daí que também não pudesse reduzir a alfabetização ao ensino puro da palavra, das sílabas ou das letras. Ensino em cujo processo o alfabetizador fosse “enchendo” com suas palavras as cabeças supostamente “vazias” dos alfabetizandos. Pelo contrário, enquanto ato de conhecimento e ato criador, o processo da alfabetização tem, no alfabetizando, o seu sujeito.” (Freire, 1989, p.13).

“Refiro-me a que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele. Na proposta a que me referi acima, este movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente. Movimento em que a palavra dita flui do mundo mesmo através da leitura que dele fazemos. De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.” (Freire, 1989, p. 13).

“Esta "leitura” mais crítica da "leitura” anterior menos crítica do mundo possibilitava aos grupos populares, às vezes em posição fatalista em face das injustiças, uma compreensão diferente de sua indigência.  É neste sentido que a leitura crítica da realidade, dando-se num processo de alfabetização ou não e associada sobretudo a certas práticas claramente políticas de mobilização e de organização, pode constituir-se num instrumento para o que Gramsci chamaria de ação contra-hegemônica”. (Freire, 19899, p.14).

“Concluindo estas reflexões em torno da importância do ato de ler, que implica sempre percepção crítica, interpretação e "re-escrita” do lido, gostaria de dizer que, depois de hesitar um pouco, resolvi adotar o procedimento que usei no tratamento do tema, em consonância com a minha forma de ser e com o que posso fazer”. (Freire, 1989, p. 14).

Referência

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23ª Ed. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.

 

3. PRESENÇA NA PRÁXIS, "SABERES DE EXPERIÊNCIA FEITOS": AS AÇÕES POLÍTICAS DE PAULO FREIRE

A situação política no Brasil tem deixado marcas profundas na educação: ações destrutivas inibem processos e perseguem sonhos. Retomar o sonho de uma sociedade mais justa, de menos exploração de poucos sobre muitos, conduz-nos à ideia de esperança como necessidade ontológica(FREIRE, 1997), reafirmando a educação como ação política, já que se move na direção de uma determinada “visão de mundo”, que para Paulo Freire acontece no sentido do engajamento em favor das classes menos favorecidas. A relação dialógica fundamenta o trabalho pedagógico que, acontecendo “a partir do conhecimento que o aluno traz, que é uma expressão da classe social à qual os educandos pertencem, haja uma superação do mesmo, não no sentido de anular esse conhecimento ou de sobrepor um conhecimento a outro. O que se propõe é que o conhecimento com o qual se trabalha na escola seja relevante e significativo para a formação do educando”(1991, p. 129).

Paulo Freire foi um educador engajado pela/na transformação do mundo. Neste processo, atuou como administrador em alguns momentos de sua trajetória, inclusive como Secretário de Educação da Cidade de São Paulo, de 1989 a 1991. Suas ações pedagógico-administrativas foram norteadas pelo conjunto de pressupostos desenvolvidos pelo educador em suas reflexões: “Sou leal ao sonho. Minha ação tem sido coerente com ele” (FREIRE, 1991, p.114).

Retomar suas ações, focalizar a práxis e os saberes de experiência feitos se fazem necessário, para que se compreenda e ilumine a pedagogia dialógico-crítica, pautada no diálogo com o saber do outro, construtora de novos saberes, críticos e transformadores da sociedade.

Referência

FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez Editora, 1991.

 

4. A ATUALIDADE DAS IDEIAS DE PAULO FREIRE EM TEMPOS DE MANIPULAÇÃO

A sociedade se vê perplexa diante da indústria de fake news, instrumento de dominação e subjugação dos povos. Não só no Brasil os movimentos políticos têm sido permeados por ideias distorcidas, manipuladas, produzidas por milícias digitais. O movimento de filiação discursiva de determinados grupos sociais a este conjunto de notícias colabora com o crescimento da intolerância e do ódio.

A oposição a esta situação precisa firmar-se nos processos de libertação, em que as classes oprimidas possam viver relações de poder “menos malvadas”, mais igualitárias. Freire se posiciona contra a educação bancária, antidialógica, que antes de libertar, castra os educandos. A ação educativa, politicamente definida, tem o propósito de alcançar a utopia da emancipação humana, na tensão entre “a denúncia de um presente tornando-se cada vez mais intolerável e o anúncio de um futuro a ser criado, construído, política, estética e eticamente por nós, mulheres e homens”. (FREIRE, 1997, p. 91). O horizonte que se avista é o da transformação, a partir do desenvolvimento da consciência crítica, em que sujeitos ativos creem no sonho como possível e lutam por uma sociedade mais justa.

Urge ratificarmos a proposição freireana de se criticizar a curiosidade ingênua superando a distância entre saberes, ampliando a leitura de mundo que exercite a curiosidade, para que o educando “se saiba defender das armadilhas, por exemplo, que lhe põem no caminho as ideologias” (FREIRE, 2000,p. 107).

Referências

FREIRE, Paulo.Pedagogia da Esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação. Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo:UNESP, 2000

5. NARRATIVA COMO POSSIBILIDADE DO ENCONTRO NA ESPERANÇA DE OUTRAS PEDAGOGIAS POSSÍVEIS

Pensar a narrativa, no hoje, como possibilidade de afirmação do tempo da experiência. Acreditar que nossa vida singular, ao se constituir no encontro com o outro, tem na palavra narrada o espaço de confronto dos sentidos que nos leva ao movimento e à transformação. Viver a narrativa como fagulha e desvio: força renovadora na explosão do contínuo.

No diálogo entre Mikhail Bakhtin e Walter Benjamin, buscamos tecer uma concepção de narrativa em estreita relação com a ideia de HUMANIZAÇÃO e do SER MAIS em Paulo Freire. Mesmo com a tempestade do progresso (Benjamin, 1995) a nos impulsionar para direções que muitas vezes não têm mais volta, podemos irromper em desvios subvertendo os caminhos. Sem álibi e na efetivação de uma vida vivida como ato responsivo e responsável (Bakhtin, 2010), mostramos que mesmo ao sermos forjados em relações espaço-temporais, também temos o poder da forja. A matéria-prima nessa práxis que corrobora uma constante tomada de consciência é a palavra, signo ideológico que reflete e refrata a realidade (Bakhtin, 1990); ponte que se materializa em diversos sentidos e vai se-nos constituindo no Grande Tempo.

Quando, em sua Pedagogia do Oprimido, o Mestre Paulo Freire nos convoca a uma intensa fé nos homens, que é também a fé em nossa vocação de Ser Mais, nos faz pensar na importância do diálogo como possibilidade de pronúncia do mundo. O que só se dá no encontro de um dizer com outros dizeres. Encontro que é confronto: tessitura de onde emergem valores vinculados a uma vida envolta por elos comunitários. A palavra narrada seria justamente essa disponibilidade para estar com o outro na difícil tarefa de pronúncia de si e do mundo ou de si no mundo.

Apesar das dificuldades cotidianas para fazer valer ações fundamentadas na experiência, a narrativa nos intima a não abrirmos mão de nossa existência. Negá-la é aceitar a inexorabilidade da vitória do inimigo: o tempo vazio, abstrato, homogêneo que não tem cessado de vencer. Negá-la é trair a nós mesmos e nossa existência e poder de Renovação! Então proponho uma questão para nós professoras e professores: como pensar a narrativa no hoje e praticar outras pedagogias possíveis que se renovem em constantes agoras?

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Por uma Filosofia do Ato Responsável. São Carlos: Pedro e João Editores, 2010

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1996

FREIRE, Paulo. A Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987

6. PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS BRASILEIRAS, A PRESENÇA DE PAULO FREIRE NA EDUCAÇÃO INFANTIL, NAS ALFABETIZAÇÕES COM CRIANÇAS E EM ESPAÇOS EDUCATIVOS ALTERNATIVOS, O DIREITO AO ACESSO DAS CRIANÇAS BRASILEIRAS AOS FUNDAMENTOS FREIREANOS

A força desse eixo repousa sobre duas reflexões. A primeira reflexão trata das relações construídas entre Paulo Freire e as Infâncias, a partir de experiências de pedagogias includentes e emancipatórias nos campos da Educação das Infâncias, também em processos de Alfabetizações com Crianças, assim como em outros Espaços Educativos Alternativos. A segunda reflexão atua nos entornos da primeira, desejando trazer, à presença de todos e todas, a preocupação de Freire com uma educação transformadora voltada para todas as pessoas, desfazendo a ideia de senso comum de que Freire volta-se, prioritariamente, para Jovens e Adultos. A força da Pedagogia Freireana encontra-se, justamente, na possibilidade de atuar sobre as humanidades de todas as pessoas, indistintamente, de todas as idades, de todas as condições históricas, sociais e políticas. Atua na concretude da amorosidade expandida de Freire onde cabem todos os seres humanos e é, assim, atravessada por um respeito humano às infâncias. A força dessa humanidade inquieta muito, a ponto de se fazer necessidade trazer, à luz deste Seminário, experiências registradas, vivências escritas, práxis narradas, pesquisas bibliográficas, do chão das escolas ou das mesas reflexivas das academias, de modo a ser construído um arquivo vivo, como um relicário da Pedagogia Freireana vivida com Crianças, por todos os sujeitos desejantes oriundos dos mis diversos espaços-tempos. Esse eixo destina-se a promover o encontro frutífero entre educadoras e educadores de Infâncias das Escolas Infantis e das Escolas Fundamentais de Anos Iniciais, entre alfabetizadoras e alfabetizadores, pedagogos e pedagogas, pesquisadores e pesquisadoras, plenamente tecido pela alegria cultural inspirada pela força da obra freireana, com quem pensa, pesquisa, inscreve e realiza Freire com as Infâncias, fiando e tecendo um pensar mais específico das relações crianças-Freire, resultando num tecido político colaborativo sobre as aberturas cognoscentes dos campos de estudos que defendem as infâncias.

 

A confluência dessas experiências a serem compartilhadas construirá, em nossos imaginários, cotidianos e estudos contínuos, a presença afirmativa de Paulo Freire no universo das infâncias, constituindo-se como uma resistência criadora de revolver estudos e pesquisas sobre esta questão específica. Nesse espaço livre e autônomo, e em tempos políticos tão tristes e perversos que o Brasil está vivendo, onde a democracia e os direitos humanos têm sido ameaçados constantemente, há imprescindibilidade de aprofundar esses estudos. Desse lugar de delicadeza pedagógica e de didática cuidadora deseja-se aproveitar o fio de mesma nuance, para a afirmação do compromisso de defender Freire como sujeito que pensa as Infâncias também como marca de reflexão, pesquisa e ação em sua obra tão vasta e tão nitidamente dedicada a todos os níveis de ensino, como mesmo uma pedagogia-fonte para todos. Afirmar Freire para as Infâncias, como movimento justo, exige-nos muitas ações: atenção plena e reflexão crítica, produção de escritas, defesas orais, manifestos escritos, anunciados ou denunciados, pesquisas empíricas, pesquisas científicas, pesquisas livres e autônomas. Exige-nos ação-pesquisa, ação-reflexão, ação-socialização dos achados, ação-publicização de trabalhos que possam demonstrar, firmar, constatar, comprovar, ensinar, traduzir, junto aos educadores e educadoras das infâncias, no sentido de incluir Freire, assegurar Freire, manter Freire, fazer justiça com Freire e, sobretudo, justiça com as crianças, para que todas elas possam, de um modo ou de outro, ter acesso a Freire, por meio das propostas político-pedagógicas de suas escolas e demais espaços educativos, dos seus princípios tão defensores da vida, do direito às liberdades, da construção das autonomias, da amorosidade, da ética, da alegria, da curiosidade, de dizer a sua palavra, de conhecer e viver a palavra-ação, de aprender a problematizar e pensar – como pedagogia, como conhecimento, como metodologia, como didática, como experiência da política da vida e do viver.

Referências

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O menino que lia o mundo, ITERRA, Veranópolis/RS, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

______. Cartas à Cristina – reflexões sobre minha vida e minha práxis. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro.1994.

______.Professora Sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d’Água, 1997.

GUEDES TRINDADE, Ana Felícia. Pedagogia Poiética para a Potência Humana. O reconhecimento, a nutrição e a expansão da Potência Humana das Comunidades Aprendentes, em processos colaborativos poiéticos de reorientação curricular pedagógica-cultural e as tecituras transdisciplinares das Alfabetizações de Mundos em Rodas de Conversações. Tese de Doutorado. PPGEDU da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2015.

GUEDES TRINDADE A. F.; ALVES C.S; POLETTO F. A casa e o mundo lá fora: Paulo Freire e as Infâncias. Trabalho aprovado para o XX Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire, UNISINOS, São Leopoldo, RS, 2018.

GUEDES TRINDADE A. F.; KLEINPAUL, L. A. Conversações Vivas de Paulo Freire com as Infâncias. Trabalho apresentado no XI Seminário Nacional Diálogos com Paulo Freire, Nova Santa Rita/RS, nov.2017.

KOHAN, Walter Omar. PAULO FREIRE: OUTRAS INFÂNCIAS PARA A INFÂNCIA. Educ. rev.,  Belo Horizonte ,  v. 34,  e199059,    2018 .   Disponível em <

LACERDA, Nathercia. A casa e o mundo lá fora. Cartas de Paulo Freire para Nathercinha. Pesquisas de Cristina Laclette Porto e Denise Sampaio Gusmão. Rio de Janeiro: Zit, 2016.

 

7. PAULO FREIRE, EDUCAÇÃO POPULAR E FILOSOFIA LATINO-AMERICANA

 

Experiências de educação popular na escola e nos movimentos. Filosofia latino-americana. Movimentos sociais e populares. O oprimido e a vocação ontológica de ser mais. Feminismo, raça e classe. América Latina, Freire e a questão ecológica. Diálogo de Freire com outros autores decoloniais e/ou marxistas.

Paulo Freire é uma referência para os movimentos populares na América Latina. No Brasil, no entanto, ainda há pouca discussão sobre o alcance de seu ideário na edificação do pensamento decolonial. A pedagogia do oprimido enseja uma concepção de ser que só pode se realizar na luta pela transformação das estruturas. O oprimido não é apenas o subalterno (Semeraro, 2009). É preciso traduzir, no sentido gramsciano, a secular luta dos povos por libertação.

Em nosso Brasil atual, em que o ideário freiriano vem sofrendo violentos ataques, é preciso levar ao debate e relacionar dois importantes elementos da pedagogia do oprimido: o estudo do pensamento colonizado e sua materialidade de classe.

A proposta do eixo é compartilhar experiências e estudos que refletem a concepção freiriana de educação popular e suas influências na construção de uma filosofia da educação que responda aos anseios dos povos oprimidos em Nossa América.

 

Mais uma vez os homens, desafiados pela dramaticidade da hora atual, se propõem, a si mesmos, como problema. Descobrem que pouco sabem de si, de seu ‘posto no cosmos’, e se inquietam por saber mais. Estará, aliás, no reconhecimento do seu pouco saber de si uma das razões desta procura. Ao instalar-se na quase, senão trágica descoberta do seu pouco saber de si, se fazem problema a eles mesmos. Indagam. Respondem, e suas respostas os levam a novas perguntas. (Freire, 2005, p. 16)

 

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 47a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

SEMERARO, Giovanni. Libertação e hegemonia: realizar a América Latina pelos movimentos populares. Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2009.

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